Imigração Tirolesa no Brasil vira filme

Film Tirolesi nella foresta

Foi lançado o documentário Tiroleses na Floresta (Tiroler im Urwald, Tirolesi nella foresta), que teve sua pré-estreia no dia 25/Abril/2015 na cidade tirolesa de Bolzano/Bozen.

Dirigido pelo renomado ator e diretor tirolês Luis Walter (Bolzano), o enredo do filme contou com a participação do Prof. Dr. Norbert Hölzl, da Universidade de Innsbruck, Tirol austríaco (autor de estudos e livros sobre a imigração e cultura tirolesas) e do Prof. Dr. Everton Altmayer (formado pela Universidade de São Paulo com tese sobre o dialeto trentino). A organização das gravações feitas em Nova Trento ficou por conta de Misael Dalbosco.

Film Tiroler im Urwald
Capa do DVD (versão alemã)

O documentário trata da imigração de Tiroleses de língua alemã e italiana que se trasferiram para o Brasil entre 1859 e 1888, quando todo o Tirol pertencia ao Império Austríaco. As cenas foram gravadas na Colônia Tirol, em Santa Leopoldina (ES), em Nova Trento (SC) e na Colônia Tirolesa de Piracicaba (SP). Além destes, serão apresentados outros locais de imigração tirolesa como Treze Tílias (SC), a mais recente colônia (fundada em 1933).

O principal objetivo do filme é mostrar os vários pontos comuns da identidade trazida pelos imigrantes tiroleses, peculiaridades que se mantêm até hoje entre os descendentes de três comunidades separadas em três estados diferentes. O documentário também retrata a vida de Amabile Visintainer (Santa Paulina), imigrante austríaca oriunda do Tirol Italiano e que se tornou a primeira santa brasileira.

A produção do filme é do diretor Luis Walter (www.studiowalter.it) em colaboração com a RAI Bolzano (Radio e Televisione Italiana) e contou com o patrocínio dos governos do Estado do Tirol (Áustria), da Região Autônoma Trentino-Südtirol, da Província Autônoma de Trento, da Província Autônoma de Bolzano, e da Euregio Tirol-Südtirol-Trentino, da Prefeitura de Neumarkt/Egna, do Centro Audiovisivi di Bolzano e da Business Location Südtirol. Em colaboração com Internationales Filmfestival Innsbruck e Trento Filmfestival.

Em 2009, Luis Walter esteve no Brasil onde gravou seu documentário Wo die Zuckerlen auf den Bäumen wachsen (“Onde os doces crescem em árvores”) sobre a imigração tirolesa em Treze Tílias (SC). O documentário foi premiado no Trento Film Festival de 2010, e à época contou com a participação do então estudante de mestrado e pesquisador Everton Altmayer.

Luis Walter
Diretor Luis Walter.

Luis Walter nasceu em 1938 na cidade de Neumarkt an der Etsch, na Província Autônoma de Bolzano (Tirol do Sul – Itália), filho de Anton Walter e Katharina Vescoli, membros de uma antiga família local (de Neumarkt e Val di Fiemme) e donos da tradicional Pousada Rauscher. Possui um vasto currículo artístico. Ator conhecido em sua região, atuou em várias peças e gravações televisivas antes de se tornar diretor de peças e de filmes.

Walter se diz nascido e criado na “interface de duas culturas” – alemã e italiana. Sua língua materna é o alemão, mas está familiarizado com a cultura italiana que considera um enriquecimento”.  O diretor se diz um “cidadão italiano devido à Primeira Guerra Mundial, pois a pátria era o multiétnico Império Austro-Húngaro e a pequena pátria é o Tirol, de Kufstein a Ala“.

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Gravações.

11 comentários em “Imigração Tirolesa no Brasil vira filme”

  1. É realmente muito bom ver que a história dos imigrantes tiroleses está ganhando uma merecida atenção por parte dos descendentes (e, de fato, dos próprios europeus). Apesar de muitas vezes a historiografia não os considerar um grupo distinto, a situação dos trentinos é realmente única e deve ser tratada como tal. Os séculos de História compartilhada com a Áustria não permitem que os consideremos apenas italianos, enquanto peculiaridades culturais e a atual situação da região como parte da Itália não permite que os consideremos apenas austríacos (esta última afirmação, é claro, refere-se ao uso atual da palavra, que desde a dissolução do Império Austro-Húngaro em 1918 passou a ser usada para descrever o grupo étnico germânico que predomina na República Austríaca, ao contrário da nacionalidade multiétnica anterior). Os trentinos, ao meu ver, podem ter ambas as origens como genuínas, tanto pelos fatores já mencionados como por tantos outros. E é justamente essa junção única de identidades que faz desse um grupo tão único, cuja história não deve ser esquecida ou distorcida. Meus parabéns aos organizadores do blog pelo esforço em preservar a história deste povo!

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    1. Prezado Carlos,

      muito obrigado pelo seu comentário. Entendo perfeitamente o que você quer dizer, e adiciono uma pequena curiosidade. Na língua alemã, existe uma palavra que transmite exatamente o conceito que você coloca: o nome Altösterreicher (“antigos austríacos”, em tradução livre) é utilizado para se referir aos povos que, antigamente, pertenciam ao grande Império Austríaco, como os boêmios, os croatas, eslovenos… e muitos outros, incluindo os tiroleses italianos. Um abraço nosso a você.

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  2. 1-Apesar de ter visto um convite deste blog no BGtrentina há quase um mes ,só hoje entrei no blog.Como o post para este assunto ja foi encerrado eu escrevo aqui mesmo.Na certidão de casamento de meu avo ,dava sua origem na Provincia de Trento, Austria.A cidade era Stol.isto me fez pesquisar na cidade de Spital Austria. Só muito tempo depois descobri que Stol da certidão se referia a Storo.
    2-Alguem perguntou a vcs sobre cidadania e vcs responderam que a Austria não fornece dupla cidadania.Pq vcs não fizeram a cidadania italiana?
    3-Há bastante tempo fiz uma pergunta na BGtrentina se nós conseguiríamos a cidadania austríaca e o assunto rendeu muito.Calorosas discussões ,vídeos sobre o assunto.Ali aprendi sobre tiroles e trentino.
    4-Parabens pelo blog,pela seriedade da pesquisa de vcs e permitam aos discordantes tb participarem desde que não sejam agressivos.Esta troca de interpretações é muita rica e ajuda as pe
    ssoas a se posicionarem.Abçs
    sergio

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  3. Além de SC, SP e ES, houve imigração de tiroleses para o RS? Sou nascido na serra gaúcha, município de Garibáldi. Nesta região temos o marco da “imigração Italiana” no município de Farroupilha (distrito de Nova Milano). Eu sou descendente de famílias de sobrenome Tirolês – Piffer, por parte de pai e Emer, por parte de mãe. Tenho muito interesse em conhecer a real história da imigração tirolesa no Brasil.

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    1. Prezado Leadro Piffer:

      Tanto Piffer como Emer são sobrenomes tiroleses, de origem germânica e bastante difundidos pelo Tirol Meridional (Emer também fora do Tirol). A Serra Gaúcha recebeu um considerável número de imigrantes austríacos saídos do Tirol e do Friúl e chegou a ter representação consular austríaca. Após a Primeira Guerra Mundial, tais representações não mais existiram, mas o patriotismo dos imigrantes tiroleses se fez documentar e podemos ler sobre o assunto em livros dos autores Costa, Luzzatto, Possamai, entre outros.

      Gratos por seu comentário.

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