Imigração austríaca do Tirol

Livro Imigracao austriaca

 

O Blog Tiroleses no Brasil tem o prazer de divulgar o livro Imigração austríaca do Tirol, de Gustavo Baretieri. Um livro sobre a origem da família Barater, que emigrou em 1876 saindo de Albarè, pequena localidade de Vallarsa/Brandtal, no Tirol Meridional, rumo ao Rio Grande do Sul. Um livro honesto do ponto de vista histórico e um importante registro sobre os imigrantes tiroleses falantes do alemão cimbro e do dialeto trentino.

Gustavo Baratieri é natural de Erechim, Rio Grande do Sul. É descendente de tiroleses e vênetos, como muitos gaúchos o são, filhos e netos de uma “mistura” de imigrantes estabelecidos na Serra Gaúcha no final do século XIX. Estudante de Direito e pesquisador por hobby de assuntos relacionados ao povo cimbro.

cimbros na Italia
Onde se fala cimbro na Itália.

O cimbro (al. Zimbrisch, cimbro Zimbar; it. cimbro) é um idioma germânico falado exclusivamente na Itália. Trata-se de um dialeto bávaro arcaico que preservas características medievais e ainda é falado pelos descendentes de antigos colonos germânicos que se transferiram para a península itálica após o século XI. Seus descendentes, falantes do cimbro, vivem em vilarejos de montanha no Tirol Meridional (Trento), parte do Vêneto e do Friúl. Por muito tempo, acreditou-se que os falantes desse idioma fossem descendentes do antigo povo cimbro, derrotado pelos romanos no século II a.C., cujas origens são ainda incertas sobre serem celtas ou germânicos. Com os estudos do linguista alemão Schmeller, por meio do método histórico-comparativo, comproovou-se que o cimbro é um dialeto bávaro antigo, que preservou várias características medievais e foi influenciado em vários aspectos, quer pelo dialeto vêneto, quer pelo dialeto trentino (dependendo da região onde é falado).

 

vallarsa
Antigo traje da Vallarsa/Brandtal e Vale do Leno/Leimtal.

 

Traje tipico Vallarsa
Compagnia Schützen de Vallarsa/Brandtal e Trambileno/Trumelays.

O objetivo principal do livro é resgatar o legado dos imigrantes da família Barater D’Albarè (it. Albaredo; al. Albiser), na Província Autônoma de Trento (Tirol Italiano). Os antepassados de Gustavo Baretieri eram de uma entre tantas famílias tirolesas saídas de Vallarsa (al. Brandtal) e de Vallagarina (al. Lagertal) e que se estabeleceram nas antigas Colônias Dona Isabel e Conde D’Eu (atual cidade de Bento Gonçalves) no Rio Grande do Sul.

O autor também tratou da história com informações importantes e “inéditas”, haja vista que, muitas vezes, os imigrantes tiroleses que se estabeleceram na Serra Gaúcha são considerados imigrantes italianos (pelo idioma que falavam). Por isso, o autor sentiu a necessidade de “desmitificar” certos estereótipos, como afirma na contracapa de seu livro:

“Esta obra surgiu da necessidade de retificar determinadas informações veiculadas a respeito da Imigração Austríaca do Tirol, erroneamente tratada como imigração italiana”.

Albaredo Vallarsa Cimbri
Vilarejo de Albaredo (Vallarsa)

A primeira parte do livro é dedicada à história da região tirolesa desde a Idade Média, com informações valiosas sobre o povoamento do Vale do Leno (it. Valle del Leno, al. Leimtal), de Vallarsa e dos planaltos “cimbros” no Vêneto (Sette Comuni e Tredici Comuni) com colonos vindos da Baviera e do Tirol setentrional. A segunda parte, maior e repleta de informações detalhadas, trata especificamente da família Barater e pretende ser uma retrospectiva desde as mais remotas origens do sobrenome e da região de origem, passando pelos anos da imigração até chegar aos descendentes que vivem no Brasil. Ao final do livro, vemos um interessante vocabulário do idioma cimbro, com as respectivas traduções em alemão e italiano.

As pesquisas contidas no livro contaram com a colaboração de pesquisadores brasileiros e europeus, como Carlos Henrique Nozari (Instituto Genealógico do RS), Everton Altmayer, Claudio Andreolli (Arquivo Diocesano de Trento), Sergio Bonato (Presidente do Instituto de cultura cimbra de Roana), Remigius Geiser (Universidade Paris Lodron de Salzburgo, Áustria) e Oliver Baumann (Universidade de Frankfurt, Alemanha).

Por seu aspecto histórico-cultural, a temática do livro não se limita aos membros da família Barater, mas torna-se uma leitura agradável a todos aqueles que se interessem pela história da imigração tirolesa no Brasil.

22 comentários em “Imigração austríaca do Tirol”

    1. Bom dia Misael,
      Me chamo Luiz Cezar e estou a procura da origem da minha família Paiffer ou Pfeiffer.
      Você pode me informar um e-mail para lhe enviar mais detalhes?
      Agradeço e fico no aguardo.

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      1. Prezado Luiz,

        “Pfeiffer”, em alemão, significa “tocador de pífano”, um tipo de flauta. É um sobrenome que existe em todas as regiões de língua alemã da Europa, incluindo aí, Alemanha, Áustria, Suíça e também o Tirol. Existe também na região de língua italiana do Tirol, na forma “Piffer”.

        Portanto, é muito difícil precisar a região de origem da sua família apenas pelo sobrenome, já que o Brasil recebeu imigrantes de diversas partes da Europa. Porém, se você quiser, pode escrever para o e-mail contato@tiroleses.com.br

        Atenciosamente,
        Misael Dalbosco

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  1. Misael, poderia me ajudar? Vcs sabem se algum grupo de tiroleses migraram para Mg? Se vcs tiverem essa informação, sabe se foram para a região do vale do rio doce? Minha avó nasceu em conselheiro pena(meu bisavô nessa área tmb)que pelo que sei essa região teve imigrantes italianos numa das margens do rio e na outra margem eram alemaes. Próximo ali fica localidades como Teófilo otoni(alemaes) e a vila neitzel(pomeranos) e próximo ali, no ES tem outra cidade pomerana, porém seu sobrenome era Tomaz( algumas pessoas na família tem o sobrenome Thomas, então provavelmente o dele estava com a grafia errada) será que ele era descendente de tiroleses?

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    1. Boa tarde, Wallace!

      Os imigrantes tiroleses se espalharam pelo Brasil todo, porém não temos notícia de núcleos coloniais tiroleses em Minhas Gerais.

      Na região de língua italiana do Tirol (a atual província de Trento), existe o sobrenome Tomasi, que no Brasil muitas vezes foi alterado para Thomasi/Tomazi. No entanto, o sobrenome Thomas existe em diversos locais, inclusive no Tirol, Áustria, Alemanha, Inglaterra… difícil precisar a origem sem investigar sua árvore genealógica.

      O que sabemos é que na colônia de Dorf Tirol, na cidade de Santa Leopoldina (ES), que foi fundada por tiroleses alemães em 1859, existe sim uma família de descendentes de tiroleses com sobrenome Thomas. Talvez possam ser seus parentes, mas somente reconstruindo sua árvore genealógica é que você poderá ter certeza.

      Abraços,
      Misael Dalbosco

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      1. Muito obrigado, gostaria de saber como vc tem a informacao de onde tem colônias e como descobriu que no es tem uma familia thomas, achei impressionante! Vcs tem uma lista ou algo do tipo?. Então, pesquisando por sites americanos descobri que a familia Tomaz é provavelmente da Italia( e achei regiões proximas como Alemanha,França, etc) e vi no mapa que a regiões de origem sao incertas, mas os estados mais prováveis que mostra no mapa sao veneto , lombardio e friul(coincidentemente as regioes que mais mandaram imigrantes para mg) então provavelmente o sobrenome é dessa região. Estou construindo a árvore genealógica e as origens da familia, que pouco tenho contato. Obrigado mesmo!

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      2. A família Thomas que conheço no Tirol (do Sr. Camilo) é descendente de alemães. Existem variações deste sobrenome por erro de cartório, por isso Thomáz, Thomez, etc… Eles são descendentes de Johann Friedrich Thomas, oriundo da Renânia do Norte – Vestfáliae que imigrou para Santa Leopoldina em 1860, logo após os tiroleses de língua alemã. Como a família se estabeleceu no Tirol, logo eles se infiltraram nos costumes tiroleses dominantes na região.

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  2. Boa noite Sr. Misael,
    Tenho bisavós de nascimento no Reino da Itália – segundo Certidão de Óbito -, mas creio que devem ser de nascimento austro-húngaro. Devido ao “aportuguesamento” dos sobrenomes é um tanto complicado conseguir alguma comprovação da entrada deles no Brasil. Meu bisavô é André Jorge (creio ser Giorgi), nascido no Reino da Itália em 1865, filho de Caetano Jorge e Rosa Pardini Jorge e falecido em 1941 na cidade de Caconde, estado de São Paulo. Minha bisavó é Genoveva Andermarker (creio ser Andermarcher) Jorge, nascida em 1869 no Reino da Itália e falecida em 1945 na cidade de Caconde, estado de São Paulo.
    Gostaria muito que pudesse ao menos me orientar como proceder essa pesquisa.
    Muitíssimo obrigado,

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  3. Bom dia
    Sou descendente dos povos germânicos que habitaram o Planalto Veneto na região de Asiago,VI.
    Meus ancestrais falavam o cimbro, famílias Basso e Vescovi.
    Seu livro contempla essa região e essas duas famílias?
    Obrigado.

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    1. Prezado Felipe:
      o livro trata um pouco dos cimbros, mas não especificamente dos de Asiago/Sleghe e das famílias em questão.
      No Facebook, há vários grupos de “cimbri” e a página ‘Cimbernauti – comunità dei cimbri”, com muita informação.
      Att.

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  4. Boa tarde…
    estou a procura de documentos, ou algo a respeito dos imigrantes que trabalharam Colônia Alemã Dom Pedro II – 1858, colônia fundada pelo empresário Mariano Procópio Ferreira Lage, proprietário da Cia União e Indústria, no município de Juiz de Fora. A familia que procuro é a OTT, tenho informações apenas de Christian Ott.

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  5. Meu trisavô Ludwig Campani veio com sua família de Innsbruck em 1868. Gostaria de saber se o livro teria informações relevantes para a minha pesquisa sobre o contexto da região do norte do Tirol naquela época e os possíveis motivos que levaram a minha família a sair do Tirol austríaco e vir ao Brasil, mais específicamente a Porto Alegre, RS.

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  6. Boa tarde, procuro origem da familia de Giulio Brichta que chegou em Santos em 1893, casado com Maria Werner com os filhos Elena 9 Ferdinando 6, Elisabetta 5 anos e vitorio meses. Obs; Chegaram juntos varias familias “austriacas” com os nomes italianos, como giuseppe e giovanni. Meu emial camurari@gmail.com

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  7. Bom dia, estou a procura da minha origem. O imigrante com o nome e sobrenome Johann Pfurtscheller veio de Tirol, Áustria em 1859 para Santa Leopoldina, Espírito Santo. Obrigado

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