O Blog Tiroleses no Brasil recorda a figura do imperador austríaco Francisco José de Habsburgo (1830 – 1916), monarca do Império Austro-Húngaro e figura muito respeitada pelos imigrantes tiroleses.
Francisco José I (em alemão Franz Joseph von Habsburg; em italiano Francesco Giuseppe d’Asburgo, em húngaro Ferenc Józsefet Habsburg) foi imperador da Áustria, rei apostólico da Hungria, rei da Boêmia, conde do Tirol e príncipe de Trento etc. Era à época da grande imigração de tiroleses no século XIX o carismático monarca do Império Austro-Húngaro.
A figura do imperador austríaco inspirava nos povos do império um profundo respeito que será visto, inclusive, nas colônias brasileiras. Membro de uma das mais importantes casas da nobreza europeia, Francisco José de Habsburgo possuía inúmeros títulos:
Sua Majestade Imperial, Real e Apostólica Francisco José I, pela Graça de Deus, Imperador da Áustria, Rei da Hungria, Rei da Boémia, Rei de Lombardo-Vêneto, de Dalmácia, Croácia, Eslovênia, Galícia, Lodoméria e Ilíria; Rei de Jerusalém, Arquiduque da Áustria, Grão-Duque de Toscana e Cracóvia, Duque de Lorena e Salzburgo, de Estíria, Caríntia, Carníola e Bucovina; Grão-príncipe da Transilvânia; marquês da Morávia; Duque da Alta e da Baixa Silésia, de Módena, Parma e Placência e Guastalla, de Auschwitz, Zator e Teschen, Friul, Ragusa e Zara; conde de Habsburgo e Tirol, de Ciburgo, Gorízia e Gradisca; Príncipe de Trento e Brixen; marquês da Alta e da Baixa Lusácia e da Ístria; Conde de Hohenems, Feldkirch, Bregenz, Sonnenberg; Senhor de Trieste, de Cattaro, e de Marca Wendia; Grão Voivoda da Sérvia.
Apesar do grande número de títulos, o imperador era uma pessoa relativamente simples, de hábitos regrados, o que não significou que abdicasse das formalidades e da tradição que sua posição exigia no contexto social da época. Considerava-se como um defensor da tradição da renomada Casa de Habsburgo e restabeleceu a ordem no império, restaurando o domínio da Áustria na Confederação Germânica. Seu reinado durou 68 anos, sendo o terceiro mais longo na história da Europa.
Levando em conta o contexto histórico do Império Austro-húngaro, onde eram falados vários idiomas, o aspecto linguístico não é suficiente para definir a nacionalidade. Até 1918, um austríaco poderia ser de língua materna alemã, italiana, tcheca, eslovena, polonesa, entre outras. Um exemplo claro é a realidade do Tirol, com tiroleses de língua alemã, ladina e italiana, todos de nacionalidade austríaca.
No caso dos imigrantes tiroleses chegados ao Brasil a partir de 1859, isso fica evidente. Sobre a opinião política dos imigrantes tiroleses (trentinos) nas colônias do Brasil, Azzi (1990, p. 65), afirma:
“Havia simpatia natural pelo Império Austríaco, cuja orientação política se afinava melhor com as diretrizes marcadamente conservadoras da Santa Sé”.
O apego ao império e à Igreja fica bem evidente em um poema de 1903, escrito em homenagem ao cônsul austríaco Carlo Bertoni, quando este visitou a Colônia Rio dos Cedros, fundada a partir do núcleo colonial de Blumenau e habitada quase que exclusivamente por tiroleses da região de Trento. Ao chegar à colônia, o cônsul foi recebido com festa pela população, pois o diplomata representava o governo do Imperador Francisco José. O momento de maior destaque parece ter sido o discurso de recepção feito pela pequena Ottilia Agostini, então com apenas seis anos de idade, que recitou o poema escrito pelo professor da comunidade, Vergilio Campestrini:
O respeito pela figura do imperador austríaco se sentia também entre os imigrantes de língua alemã da Boêmia (atual Rep. Tcheca) que se estabeleceram principalmente em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul.
Eccelenza, Console Austriaco, Carlo Bertoni!
Noi siam nati in strani lidi Dagli Austriaci genitor E sapiam che noi siam figli D’una Patria e d’un Signor.Ce lo dicon babbo e mamma Che il destin qui li riduce, Nostra Patria è giù lontana E’ lontana, è nel Tirol. La son nati gli avi nostri Quando entriamo nella scuola Di Europa in continente L’Austria abbonda di miniero Città grande in piano colle E noi tutti ti preghiamo |
Nascemos em paragens estrangeiras De genitores Austríacos E sabemos que somos filhos De uma Pátria e de um Senhor.Isso nos dizem papai e mamãe Que o destino para cá os trouxe, Nossa Pátria está longe, está longe, é no Tirol. Lá nasceram nossos antepassados Quando entramos na escola No continente da Europa A Áustria abunda de minério Cidade grande em plaina colina E nós todos te pedimos, |
Se ainda há algum representante da tradicional família STENICO ou STENEC, gostaria muito de poder estabelecer contato, com vistas a recuperar informações genealógicas.
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Prezado Sr. Pedó:
Há muitos Stenico (outrora Steneck) na Colônia Tirolesa de Piracicaba: http://www.santaolimpia.com.br
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Fenomenal o conteúdo deste Blog. Meus avós, Armelindo Vendemiatti e Ignez Vitti Vendemiatti, viveram no Bairro de Santana em Piracicaba porém nunca tive contato com as histórias mais longínquas da família. Parabenizo-os pela dedicação e agradeço por compartilhar e eternizar estas histórias.
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Bom dia! Parabéns pelo site! Eu estou pesquisando agora sobre os meus antepassados e descobri uma história muito interessante. O meu tataravô era Benjamin Sartori e era filho de judeus. Ele nasceu em Casotto, Vincenza, Italia. Mas o curioso é que veio para o Brasil no século XIX como vice-cônsul Austríaco, inclusive nomeado pelo imperador Francisco José I. Casotto fica bem na divisa entre o Vêneto e a região do Tirol, que antes pertencia à Austria. As vezes fico me perguntando, que coisa mais engraçada ele ter nascido em território italiano, mas que fica bem na divisa com essa região que era austríaca, e ter sido nomeado vice-cônsul austríaco. Bom, vocês tem alguma informação sobre os judeus daquela época? Obrigada!
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Sensacional este seu depoimento NathSartori. Tentarei fazer algumas considerações, mas posso pecar um pouco pela falta de precisão. Casotto e Pedemonte pertenciam ao Tirol e ao território da atual Província de Trento desde a demarcação da Região há séculos. Passou a pertencer a Região do Vêneto apenas anos depois do período pós-guerra, sendo posterior sua anexação ao Vêneto (1929) do que a anexação do território do Tirol do Sul à Itália (1923). Desse modo, por ter vindo antes da anexação é evidente que se trata de um cidadão austríaco, nascido em território austríaco e portanto representante consular da Áustria no Brasil. Hoje esses dois municípios pertencem ao Vêneto e à Itália, mas nem sempre foi assim. Achei sensacional a sua história. Gostaria muito de saber aonde seu tataravô se instalou aqui no Brasil, pois tenho estudado algumas coisas mais específicas sobre essa região e seu depoimento poderá ajudar bastante na elucidação de algumas questões… email: gustavobaretieri@hotmail.com . Quanto a questão dos judeus, infelizmente pouco posso ajudar. Por ora, é isso. Bons estudos e aguardo seu contato.
Att,
Gustavo Baretieri.
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Prezada Nath Sartori:
muitos austríacos eram de religião hebraica e viviam em várias regiões do antigo Império da Áustria-Hungria. Muitíssimos serviram no exército austríaco durante a Primeira Guerra Mundial.
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Minha trisavó (com 65 anos), meus bisavós e meu avô (com 2 aninhos) vieram de SAN NICOLÒ DI RUDA, região de Friul-Veneza Júlia, na época pertencia, chegaram em Santos em 07/02/1891, família ZORAT, no brasil viraram ZORATO, SORATO e outras variações. Em 1918 passou a pertencer a Itália…Eles fixaram na região de Araras
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