
Este ano comemoramos os 150 anos do nascimento de Amabile Lucia Visintainer, que veio ao mundo em Vigolo Vattaro, no Condado do Tirol, Império Austríaco, em 16/12/1865.
Amabile era filha de Napoleone Visintainer e Anna Pianezzer. Quando tinha somente 10 anos, os pais de Amabile resolveram, como milhares de outros tiroleses, emigrar para o Brasil. A família Visintainer se estabeleceu na localidade de Vigolo, em Nova Trento, onde habitavam também muitos outros imigrantes dessa mesma cidade.
Em Nova Trento, inspirada por visões da Madonna, Amabile deu inicio a uma grande obra, que veio a se tornar a Congregação das Irmãzinhas da Imaculada Conceição. Em 1903, mudou-se para São Paulo, de onde expandiu as atividades da Congregação, que hoje está presente em diversos países do mundo, e por sua obra Amabile foi canonizada em 19/05/2002, pelo papa João Paulo II.

Enquanto Santa Paulina realizava sua grande obra no Brasil, os anos do início do século XX eram difíceis na sua terra natal. Especialmente após o Tratado de Saint-Germain, assinado em 1919, que obrigou a Áustria a ceder a região sul do Tirol (atuais províncias de Trento e Bolzano) ao então Reino da Itália. A ascensão do Fascismo, poucos anos depois, revelou-se um verdadeiro flagelo para a região.
A intenção de Roma era apagar toda e qualquer lembrança da antiga pátria austríaca. Túmulos e monumentos foram destruídos. Nomes de cidades e localidades foram alterados. Os tiroleses de língua alemã, concentrados sobretudo na província de Bolzano, foram proibidos de utilizar seu idioma. O próprio nome “Tirol” foi proibido.
Milhares de sobrenomes foram italianizados. Não somente os sobrenomes alemães da região de Bolzano, mas também os muitos sobrenomes de origem germânica presentes na região de Trento, como Moser, Pompermayer, Feller, Archer, Piffer, Ueller, Pruner, Beber… e Visintainer.
Quem hoje chega ao bairro de Vigolo, em Nova Trento, pode visitar, além da grande basílica, uma réplica do casebre onde, em 1890, Santa Paulina começou sua obra, cuidando de Angela Viviani, uma mulher com câncer em fase terminal. No casebre hoje se encontram alguns documentos relacionados com a vida de Amabile Visentainer: entre eles, uma cópia, feita há alguns anos, da página do livro de batismos de Vigolo Vattaro, onde está registrado seu nascimento.

Analisando o documento, nota-se com espanto que nem mesmo Amabile escapou ilesa da perseguição do Fascismo italiano. No final do ano de 1930, quando Madre Paulina, já idosa, trabalhava em São Paulo em prol dos pobres e necessitados, um decreto Prefettizio ordenou a italianização do seu sobrenome, de Visintainer para Visintini.
É provável que Amabile tenha vivido os últimos doze anos de sua vida sem tomar conhecimento do decreto que, na Europa, alterou seu sobrenome. Vivendo no Brasil, Amabile e os demais imigrantes tiroleses foram poupados da perseguição fascista com a qual seus parentes estavam sofrendo na Europa. Porém, é assustador constatar que a longa mão do Fascismo buscou alcançar até mesmo uma pobre freira imigrante, que havia deixado sua terra natal havia mais de 50 anos.

Um resumo interessante da Primeira Guerra Mundial no Tirol Italiano e suas consequências no período fascista.
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Olá, sou da família Feller que veio de Besenello Trento, porém aqui no Brasil a partir do meu avô nosso sobrenome foi mudado para Felix, gostaria de saber para qual sobrenome a família Feller foi italianizado.
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Prezado Thiago:
É difícil saber, pois a italianização dos sobrenomes não seguia regras fixas. No entanto, o sobrenome Feller é ainda muito comum na região de Trento. É, sem dúvida, um sobrenome germânico originário de Folgaria (Vielgereuth, Folgherait) e de Terragnolo (Leimtal).
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Everton, faço parte da família Feller, meu trisavô chegou em Santa Catarina em 1876, onde hoje é Nova Trento. Gostaria de saber mais sobre a origem deste sobrenome germânico originário de Folgaria, como posso fazer?
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Olá, também faço parte da família Feller e não houve alteração em nosso sobrenome, também viemos de Besenello, meu trisavô chegou ao Brasil em 1876.
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Todos os Wisintainer foram trocados para Vicentini, Visintini e variações, ou na época já existia o sobrenome Vicentini também?
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Olá, Lorena Polli:
apenas neste caso o nome Visentainer (ou Wiesentainer) foi trocado. Já existiam, sim, os sobrenomes Vicentini, Visentin, Visintini, originários de Vicenza, na região do Vêneto.
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Parabenizo a atitude de vocês de colocar a tona todas as informações que não deixam dúvidas sobre nossas verdadeiras origens e identidade nacional dos nossos avós.
É preciso que as pessoas tomem conhecimento de quem realmente são, suas raízes, pois muitos sequer tiveram contato com sua cultura de origem, e hoje nem sequer imaginam que descendam de austríacos e não de italianos.
Falo porque vivi a vida inteira ouvindo meus avós falarem que eram filhos e netos de tiroleses, que eram austríacos etc… Mas, outros nem tiveram a oportunidade de saber disto, e a história foi se perdendo, e sendo esquecida pelas famílias.
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Prezado Sr. Rogers:
Agradecemos pelo comentário que, assim como tantos outros de descendentes que sabem valorizar as origens, condiz com a realidade da imigração. E esperamos que cada vez mais descendentes conscientes encontrem neste blog as informações necessárias para que a memória de seus antepassados tiroleses seja reconhecida e valorizada sem omissões ou deturpações.
Att.
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Nas informações sobre a vinda da Santa Paulina não consta dados da viagem, navio etc. Alguém sabe informar semi Porto de partida foi o Havre ?
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Prezada Silvia,
é bastante provável que sim, uma vez que foi por meio desse porto que a maior parte dos Tiroleses que chegou a Nova Trento emigrou.
Att,
Misael Dalbosco
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Olá Misale! Gostaria muito de saber se meu trisavô que partiu de Besenello (Trento) em 1875 e veio para Nova Trento chegou? Como posso fazer isto? Já procurei de tantas formas, mas nada ainda.
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