165 anos de imigração tirolesa

O ano de 1858 marca o início da imigração tirolesa no Brasil, com a chegada de um grupo composto por 277 imigrantes tiroleses de língua alemã e italiana  que se instalaram na cidade mineira de Juiz de Fora (outrora Santo Antônio do Paraibuna).

Os primeiros imigrantes tiroleses eram das localidades de Axams, Biberwier, Brixen, Cavalese (Gablös), Ehrwald, Eppan, Fernitz, Fliess, Fulpmes, Gilgenberg, Hall, Heiming, Innsbruck, Inzing, Kastelruth (Castelrotto), Ladis, Lermoos, Lüsen, Matrei, Meran (Merano), Mühlen in Taufers, Nassereith, Oberhofen, Oberperfuss, Ötz, Pfaffenhofen, Pfunds, Prags, Rasen, Reith, Ried im Oberinntal, Rum, Sankt Leonhard im Passeiertal (San Leonardo in Passiria), Seefeld, Stams, Taufers im Ahrntal, Telfs, Villanders, Volders, Volderwald, Weer, Wildermieming e Zierl. Havia ainda alguns imigrantes de Feldkirch, na província de Vorarlberg, ainda sob a administração do governo tirolês em Innsbruck.

Em uma ordem cronológica, temos a seguinte lista:

COMUNIDADES COM PRESENÇA TIROLESA NO BRASIL

1858: Tiroleses de língua alemã e italiana na Colônia D. Pedro II em Juiz de Fora/MG.

1859: Tiroleses de língua alemã na comunidade de Tirol na Colônia Santa Leopoldina/ES.

1873: Tiroleses de língua alemã e italiana na Linha Tirol (Temerária), Nova Petrópolis/RS.

1874: Tiroleses de língua italiana na fazenda Nova Trento (Santa Cruz), em Santa Teresa/ES.

1875: Tiroleses de língua italiana na fazenda Nova Trento (Santa Cruz), em Santa Teresa/ES.

1875: Tiroleses de língua italiana (maioria), alemã e ladina.
– na Colônia Blumenau: Rodeio, Rio dos Cedros e comunidade de Tiroleses em Timbó/SC (muitas famílias se estabeleceram em demais cidades do Vale do Itajaí e em Joinvile).
– em Nova Trento/SC.
– na comunidade de Lajeado, em Guabiruba/SC.
– na Serra Gaúcha: Bento Gonçalves, Caxias do Sul, Flores da Cunha e Garibaldi /RS.

1875 – 1888: Tiroleses de língua italiana (maioria) e alemã nas fazendas de café do interior paulista (principalmente na região de Campinas e Rio Claro), no sul de Minas Gerais, em Alto Pongal (Anchieta/ES) e na Colônia Grão Pará (Orleans/SC).

1878: Tiroleses de língua italiana na Colônia Santa Maria do Novo Tirol, Piraquara/PR.

1892: Tiroleses de língua italiana na Colônia Tirolesa de Piracicaba/SP.

1893: Tiroleses de língua italiana na comunidade de Traviú em Jundiaí/SP.

1933: Tiroleses de língua alemã na Colônia Dreizehnlinden, atual Treze Tílias/SC.

Para celebrar essa data significativa, o Centro Cultural Dona Leopoldina de Treze Tílias organizou junto a 60 famílias de descendentes a doação de uma escultura do herói tirolês Andreas Hofer e de uma placa comemorativa alusiva aos 165 anos de imigração à cidade de Ala, na Província Autônoma de Trento, na Itália, região histórica do Tirol.

Momento da cerimônia de entrega da escultura e da placa comemorativa.

A obra foi feita pelo escultor trezetiliense Starbak Franz Schneider, que doou suas horas de trabalho. A escultura e a placa foram entregues ao prefeito Claudio Soini e à secretária de cultura, Francesca Aprone, para serem exibidas permanentemente no Palácio Taddei, local onde o herói tirolês Andreas Hofer passou sua última noite em 1810.

Para saber mais sobre a figura de Hofer, clique aqui.

O escultor Starbak Franz Schneider, de Treze Tílias, autor da escultura de Andreas Hofer.
A secretária de cultura da cidade de Ala (TN), Francesca Aprone, recebe a escultura de Andreas Hofer feita no Brasil.

A cerimônia de entrega ocorreu no renomado Palazzo De Pizzini de Ala, local que já hospedou grandes nomes da história austríaca, tais como Mozart, a imperatriz Maria Teresa e o imperador Leopold. A entrega oficial contou com a participação dos tradicionais Schützen (Bersaglieri) da federação trentina, e o projeto contou com o apoio do comandante regional Enzo Cestari (Welschtiroler Schützenbund / Federazione Schützen del Tirolo Meridionale).

A placa comemorativa traz os sobrenomes das famílias colaboradoras, oriundas de diversas cidades brasileiras onde houve imigração tirolesa, desde 1858 a 1933, nos estados de Minas Gerais, Espírito Santo, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul: Altmayer, Angeli, Bagattini, Barater, Berté, Bertoldi, Bonatti, Bonecher, Brugger, Brunelli, Cadorin, Correr, Cristofoletti, Dalbosco, Dalri, Degasperi, Dellagiustina, Facchini, Fiedler, Forti, Furlani, Gaio, Giovanella, Girardi, Glatzl, Grander, Groff, Hechenbichler, Kafmann, Kelmer, Kerschbaumer, Kirchmair, Klotz, Knollseisen, Lanzini, Larcher, Loss, Marchesoni, Marchi, Masera, Moser, Mosna, Negri, Pedri, Perini, Piccinini, Pompermaier, Rohrer, Stenico, Stinghen, Stolf, Sgrott, Tafner, Thaler, Thomas, Tomas, Tonini, Torinelli, Unterberger, Vasca, Veneri, Vitti, Wanner e Zanella.

A placa comemorativa em alusão aos 165 anos de imigração tirolesa, constando as cidades de origem e os sobrenomes das famílias colaboradoras no projeto.

A ideia da prefeitura de Ala é criar no local um pequeno museu sobre a história de Andreas Hofer e mencionar, inclusive, a imigração. Trata um trabalho conjunto, que une pessoas de diversas cidades brasileiras, distantes entre si cerca de 2000 quilômetros. Um projeto para recordar a imigração, sua ligação com a terra de origem e para divulgar um pouco da realidade brasileira na Europa. Enfim, um “presente brasileiro” à região de origem dos antepassados, comemorando os 165 anos de imigração tirolesa no Brasil.

Para assistir à reportagem de Trentino TV, acesse.

Para mais fotos, acesse Il Mondo degli Schuetzen

3 comentários em “165 anos de imigração tirolesa”

  1. Uma bonita história. No mes de Agosto passado (2023) tive a oportunidade de visitar o Sud Tirol. Lugar muito bonito. Realmente exemplar em termos de cuidado com a natureza, a limpeza e a organização geral.

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  2. IMIGRAÇÃO TIROLESA NO BRASIL – 1875: Na Colônia Blumenau: Rodeio, foram assentados os nossos ancestrais oriundos de Castelnuovo (Giuseppe Longo) e Recocegno Terme (Amábile Frainer), hoje provincia de Trento, Itália.

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  3. Parabéns por manter viva a história dos nossos ancestrais, em particular os Degasperi, posto que descendo por parte de minha mãe. Bem presente na família, a ligação com o Andreas Hofner. Meu bisavô, primo de Alcide Degasperi ou De Gasperi, reportava o assunto. Não vejo na lista o sobrenome Pedó, que também é originario do Trentino Alto Adige, mais especificamente da região de Mezzolombardo e Campodenno, valendo destacar que a trisavó paterna era Margherita Tait e sempre foi lembrada como a avó austríaca ou tirolesa.

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